Sunday 27 September 2009

Conto I - Parte I

Não esqueça de ler o prólogo antes. ;)

I Parte

William estava saindo da aula de Literatura quando foi chamado por Charlie. Os dois teriam agora um período livre, e poderiam passar um tempo relaxando em um dos vários jardins da Universidade de Oxford.
William gostava bastante desta cidade. Claro que sentia falta de sua família que havia ficado em Londres, mas a distância não era tão grande de forma que podia visitá-los todo fim de semana (a não ser quando algo mais interessante estava acontecendo na Universidade, é claro).
Ele estava mais uma vez desabafando com Charlie sobre como estava com dificuldades quanto a que rumo seguir depois da faculdade. Gostava de estudar artes, mas não via futuro nisso, e se preocupava com sua segurança financeira. Além de sempre achar que estaria desapontando seus pais, que esperavam um futuro melhor pra ele, o filho que teve a oportunidade que eles não tiveram, completar os estudos.
Charlie desdenhava, dizia que era bobagem, que todo mundo passava por isso e tudo acabava dando certo no final. Mas a angústia no peito de William não diminuía. Estava pensando sobre isso quando ouviu um farfalhar de folhas atrás dele.
-Acho que vem chuva de novo.
-Por que? Nem vento há. É possível que esse seja o único dia sem gotas do ano.
-Mas eu acabei de sentir a árvore atrás de mim mexendo com o vento.
-Eu não senti nada. Além do que, precisamos voltar para nossas aulas.

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Terminadas as aulas do dia, William andava até o apartamento que dividia com Charlie. Como Charlie agora estava em período de esportes (coisa que William detestava), ele sempre fazia essa caminhada sozinho.
William continuava com a impressão de volta e meia sentir uma leve brisa em volta dele, mas percebia que mais nada se movia. Como Charlie havia dito, parecia mesmo que seria o único dia seco do ano.

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Mais tarde, estava estudando no seu apartamento, ainda sozinho, pois era a vez de Charlie fazer compras. Fechou tudo, porque continuava sentindo um ventinho. Sentou com sua cópia de “Um conto de Natal”, de Charles Dickens, o livro da semana de sua aula de Literatura. Sentiu mais uma vez uma brisa suave em seu cabelo, um leve movimento de suas mechas pretas e onduladas.
-Ora essa, de onde esse vento pode estar vindo?
Começou a rodear o apartamento, procurando alguma janela que pudesse ter esquecido aberta. Não encontrou nenhuma, mas continuava sentido brisas estranhas.
-O que está acontecendo?
Nyra, num sussuro, disse – Pode me ouvir?
William ficou estupefato. Agora estava ouvindo coisas também.
-De onde vem esse barulho?
Nyra tentou mais uma vez – Consegue ouvir minha voz?
-Claro que consigo. Mas quem é você e como entrou aqui?
Nyra ficou chocada. Isso não deveria acontecer. Um humano nunca deveria ser capaz de perceber a presença de Pixies.
-Não esperava por essa. – disse Nyra – Acho que teremos que conversar.

3 comments:

voyager said...

Agora estou MAIS curioso! Bom, parece que os intervalos de postagem são curtos. Vou parar de roer as unhas e esperar os próximos episódios. Isso me lembra dos seriados das matinês de domingo dos anos 60. Mas claro que o Conto está muito mais creativo!

Halley said...

Está ficando bem interessante...Acho que a Nyra e o Wiliam vão nos proporcionar bons momentos! Deixe-me juntar os fatos:a Nyra não enxergava seu próprio talento, mas alguém enxergou...o Wiliam sabe do que é capaz e do que gosta mas tem medo de tomar uma decisão...E vc descreveu de uma maneira cativante a forma como como seus universos fazem contato; é fácil imaginar a cena,como se eu estivesse por lá!

Erik said...

Sem dúvida a criatividade é uma das mais belas ferramentas de bem-estar que nos é dada a conhecer...e a mais misteriosa também;após décadas de estudos, ela ainda é considerada um enigma!Pouco importa; o estado mental criativo está muito próximo do estado de espírito zen...talvez por isso o fruto da criatividade provoque o mesmo bem estar,que é exatamente o que a leitura do seu conto,ainda incipiente,me proporciona.Continue!